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Como fica a acessibilidade no Outubro Rosa?

Capa do blog post "Como fica a acessibilidade no Outubro Rosa?". Fundo rosa, com um laço rosa no centro. Ao lado dele, ícones da pessoa surda, pessoa trans e de uma pessoa.

Desde 2002, outubro é marcado pela campanha do Outubro Rosa, que busca trazer visibilidade para o combate ao câncer de mama. Neste mês, diversos órgãos públicos, ONGs e empresas realizam ações de conscientização sobre essa doença e sua prevenção, mas será que elas conseguem se comunicar com toda a população? Apesar da campanha ser voltada para as mulheres no geral, muitas delas são deixadas de lado, como as mulheres com deficiências e as pessoas trans. 

Neste texto, vamos explicar um pouco mais sobre o que é o Outubro Rosa e refletir se é uma campanha realmente inclusiva e acessível.

Por que outubro e por que rosa?

Os primeiros movimentos em prol da conscientização sobre o câncer de mama aconteceram na década de 1990, quando vários estados dos Estados Unidos se juntaram para realizar ações sobre o tema. Pouco tempo depois, reconhecendo essa mobilização, o Congresso Americano decretou oficialmente que o outubro seria o mês nacional de prevenção do câncer de mama.

Em 2002, o movimento chegou ao Brasil, apesar de ainda de maneira tímida. A primeira ação brasileira a favor da campanha ocorreu em São Paulo, quando o Mausoléu do Soldado Constitucionalista, também conhecido como Obelisco do Ibirapuera, foi iluminado com a cor rosa. Com o passar dos anos, o Outubro Rosa foi ganhando cada vez mais força em território nacional, e hoje já é popularmente difundido.

Já a cor rosa foi escolhida com base em uma iniciativa da Fundação Susan G. Komen for the Cure. Também na década de 1990, a instituição organizou a Corrida pela Cura, em Nova Iorque, onde começou a distribuir laços rosas para quem estava participando. Eles se popularizaram ao redor dos Estados Unidos e do mundo, e hoje são o principal símbolo da campanha.

A diversidade dentro do Outubro Rosa

Como já comentamos, o movimento foi criado para trazer visibilidade para a prevenção do câncer de mama e mais recentemente, do câncer de colo do útero. Em média, são 2,3 milhões de novos casos de câncer de mama por ano ao redor do mundo, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer. Apenas no Brasil, foram estimados mais de 66 mil novos casos, sendo a maior causa de morte por câncer entre mulheres no país.

Bom, já sabemos que essa é uma causa de extrema importância, mas infelizmente a campanha ainda não é capaz de abranger efetivamente todas as pessoas que sofrem dessa doença. Mulheres com deficiência, pessoas trans e até homens podem receber um diagnóstico de câncer de mama, mas muitos dos centros médicos não estão preparados para receber e tratar essas pessoas.

Existe acessibilidade para diagnósticos de câncer de mama?

Pensando no contexto das mulheres com deficiência, especificamente, o diagnóstico do câncer de mama é mais desafiador. Nas campanhas publicitárias de Outubro Rosa, por exemplo, podemos perceber que as mulheres com deficiência são raramente destacadas. Ou seja, o cenário já começa apresentando uma grande falta de representatividade.

De um ponto de vista mais prático, também percebemos que elas possuem menos oportunidades de diagnóstico precoce e tratamento. Isso ocorre principalmente pela falta de acessibilidade nos centros médicos, seja ela física ou comunicacional. Por exemplo, são poucos os estabelecimentos que possuem rampas de acesso para cadeirantes, ou equipamentos como mamógrafos que sejam adaptados para pessoas com nanismo. Ainda, é muito raro encontrar profissionais que consigam realizar os atendimentos em Libras (Língua Brasileira de Sinais) para se comunicar efetivamente com as pessoas surdas. Infelizmente, esses são apenas alguns dos inúmeros exemplos enfrentados pelas mulheres com deficiência quando buscam algum tratamento.

Essas situações ainda ocorrem apesar de leis que tornam a acessibilidade obrigatória nos espaços de saúde. Uma delas é a Lei nº 13.362/2016 que garante às mulheres com deficiência as condições adequadas para prevenir e tratar câncer de mama e de colo do útero, no âmbito do SUS. A conhecida LBI, ou Lei Brasileira de Inclusão, também assegura atenção integral à saúde das pessoas com deficiência em todos os níveis de complexidade, por intermédio do SUS.

Apesar do Outubro Rosa ainda precisar trabalhar para ser mais inclusivo, definitivamente ainda é uma campanha extremamente importante. Nesse contexto, nosso papel como sociedade deve ser lutar pela acessibilidade e conscientizar as organizações das quais fazemos parte sobre essa causa. Dessa forma, vamos garantindo aos poucos um mundo com mais oportunidades para todas as pessoas.

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