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Você sabe o que é ser CODA?

Fundo cinza. No centro, a ilustração de duas mãos dadas, uma grande de pele negra, e outra infantil de pele branca. Do lado esquerdo, um coração.

Se você já leu algum conteúdo sobre a comunidade surda deve ter se deparado com o termo CODA, certo? Antes de mais nada, é importante explicar o que é essa sigla. O termo, originário do inglês, é uma abreviação para Child of Deaf Adults. Em português, a expressão é traduzida para Filho de Pais Surdos. Ela representa todas as pessoas ouvintes que possuem pai ou mãe surdos, ou até ambos.

As pessoas CODA fazem parte de uma comunidade muito forte, porém pouco reconhecida, que mescla sua cultura e identidade surda, com o restante do mundo ouvinte. Assim, elas colecionam experiências de vida únicas, enquanto representam um grupo com linguística e cultura própria.

Recentemente, o termo e a comunidade receberam bastante destaque, muito por conta do filme estadunidense “CODA”, que ganhou o Oscar de Melhor Filme em 2022. Ainda, esse longa levou para casa as estatuetas de Melhor Roteiro Adaptado e Melhor Ator Coadjuvante, para Troy Kotsur, fazendo história ao ser o primeiro ator surdo a receber o prêmio 🤩

O impacto que ser CODA me causou

Para entendermos melhor a visão de quem é CODA, e o impacto que isso tem na vida das pessoas, conversamos com 3 HandTalkers que fazem parte dessa comunidade. Luciana Pais, Consultora Linguística da Hand Talk, Luana Sales, Assistente SDR (Sales Development Representative) Inbound, e Marcella Marrara, Analista de Sucesso do Cliente, nos contaram o que ser CODA significa para elas. Se liga aqui no que elas disseram:

  • “Ser uma CODA, definitivamente moldou a minha visão de mundo. Eu vejo que a linguagem é importante, e como a comunicação é uma parte essencial do quebra-cabeça para se tornar uma pessoa bem ajustada e autoconfiante. Aprecio minha herança cultural e linguística, e sou muito feliz por poder ser uma aliada da comunidade surda. Hoje trabalho diretamente com Língua de Sinais, e posso dizer com toda certeza que essa foi a profissão que me escolheu.” – Luciana Pais
  • “Por ser a primeira filha, sempre acompanhei meus pais no que eles precisassem. Isso me ajudou bastante a desenvolver a responsabilidade e uma visão de mundo com vários olhares e entendimentos diferentes. Tudo tem seu lado positivo e negativo, e com certeza um CODA carrega muitas bagagens e histórias. Uns mais que outros, mas sempre com algo em comum: uma mochila recheada com duas culturas, duas línguas e duas vivências em um único ser.” – Luana Sales
  • “Enquanto fui crescendo, lembro de responder diversas perguntas como “Nossa, e como você aprendeu a falar?”, “Você fala com as ‘mãos’?”, “Podia ouvir música alta e ninguém brigava, né?”. Até então para mim era tudo normal, até mesmo resolver problemas que uma criança não costuma resolver. Só fui tendo consciência que eu tinha um modo especial de entender o mundo conforme o tempo passou. Hoje entendo que diferente do que muitas pessoas pensam, meus pais nunca colocaram em mim nenhuma responsabilidade em “ser o ouvido deles”, “ser a porta-voz deles”, como eu sempre ouvi e por muitas vezes aceitei que era a minha posição. É uma facilidade para a sociedade lidar com pessoas surdas que tem um mini intérprete 24 horas à disposição. Ao invés de acionar um profissional intérprete ou organizar um ambiente acessível, muita gente pedia, e ainda pede, para que eles tragam sua filha para facilitar a comunicação. Nas inúmeras vezes que eu não pude comparecer, tive que lidar com diversos bilhetinhos, juntar verdadeiros quebra-cabeças, para auxiliá-los posteriormente. Com o tempo eu fui entendendo que além de CODA eu também era uma vida independente da surdez dos meus pais. Eu estaria mentindo se eu dissesse que não existiu nenhum impacto, mas esse impacto não aconteceu por conta dos meus pais serem surdos, e sim pelo fato de vivermos em uma sociedade que não está preparada para merecê-los.” – Marcella Marrara

Qual o papel da sociedade com a comunidade CODA?

Como pudemos perceber, ser CODA traz consigo um turbilhão de sensações e experiências, vindas da junção da cultura surda e do mundo ouvinte. Infelizmente, nossa sociedade ainda não está completamente preparada para dar suporte a essa comunidade, então algumas dessas vivências mais negativas poderiam ser evitadas. Por conta disso, separamos algumas dicas de como podemos apoiar as pessoas CODAS e suas famílias, de acordo com o Journal of Deaf Studies and Deaf Education:

  • Respeitar que as crianças que são CODAS são biculturais e bilíngues, e têm necessidades distintas para suas identidades surdas e auditivas;
  • Escolas e outros ambientes profissionais devem garantir acesso igual aos pais e mães surdos, para que eles possam se envolver na educação de seus filhos e atender às suas necessidades. A falta de comunicação nunca deve ser a razão pela qual um pai ou mãe surdo não pode ter acesso ou informações sobre seu filho;
  • Deixar bem explicadas as funções e autoridade para parentes ouvintes de CODAS;
  • Todas as crianças ouvintes devem ser capazes de se comunicar fluentemente com seus pais e mães surdas.

Você já imaginava a complexidade e importância desse grupo dentro da comunidade surda? Ainda há muito a se fazer pela inclusão das pessoas surdas na sociedade, e contar com CODAS para quebrarem as barreiras de comunicação não é a solução. Em vez disso, podemos todos começar a aprender a nos comunicar também em Línguas de Sinais, e o Hand Talk App pode te ajudar com isso 🥰

Fundo laranja. Do lado esquerdo estão o Hugo e Maya, e ao lado deles está um texto que diz "Aprenda uma nova língua com nossos tradutores virtuais". Do lado direito, uma bandeira do Brasil ao lado do texto "Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS)", e uma bandeira dos Estados Unidos ao lado do texto "American Sign Language (ASL)". No canto direito, dois botões pretos com os logos do Google Play e Apple Store.
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