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Porque você não precisa usar a #PraCegoVer em todas as publicações

Fundo azul. No centro, a ilustração de duas fotos: a primeira é o Sol entre duas montanhas, que está sobreposta na de trás, que aparece uma menina loira vestindo roupa rosa.

Hoje no Brasil existem cerca de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, sendo 585 mil totalmente cegas. Isso representa um grande número de pessoas que muitas vezes não são percebidas como indivíduos que consomem, passeiam, vão ao médico, à escola, assistem TV e que também estão presentes nas redes sociais.

Sim! Elas também estão online. As pessoas cegas e com baixa visão utilizam programas de leitores de tela que transformam informações visuais de computadores, tablets e smartphones em áudio. Possibilitando o acesso e acompanhamento do que acontece no mundo digital. No entanto, para que as imagens sejam reproduzidas é necessário que elas sejam descritas e que o texto alternativo cumpra o papel de torná-las acessíveis. 

#PraCegoVer – o que é e como foi criada?

Como uma forma de provocar essa percepção acerca da presença das pessoas com deficiência visual no mundo digital, a professora baiana Patrícia Braille criou o projeto #PraCegoVer. Talvez você mesmo já tenha se deparado com a hashtag em alguma publicação e pensado, para que serve isso? Esse é exatamente o objetivo! Como um trocadilho, o uso da #PraCegoVer alerta as pessoas que enxergam, de forma educativa e inclusiva, que pessoas com deficiência visual estão nas redes sociais. 

Tudo começou com a organização de um evento virtual no Facebook, realizado no dia 04 de janeiro de 2012,  com o nome da hashtag. Esse evento convidava as pessoas para que tivessem uma nova experiência e fizessem a descrição do conteúdo para uma pessoa cega. O retorno foi tão positivo que Patrícia criou uma página, na mesma rede social, com o nome do projeto para que ele não caísse no esquecimento, e o uso da #PraCegoVer foi aumentando expressivamente. 

A frase era aplicada como uma maneira de destacar a palavra “ver” no sentido de “ter acesso” a algo. O foco principal do seu uso era disseminar a cultura da acessibilidade digital e mostrar que todo mundo pode, através de um simples passo, perceber e integrar pessoas com deficiência dentro do seu universo. Além da conscientização, a hashtag ainda hoje é usada para indicar para usuários que, a partir daquele ponto, haverá a descrição da imagem e que o conteúdo está acessível.

Texto alternativo nas redes sociais

Cada vez mais discutido, o tema acessibilidade ganhou grande visibilidade e algumas redes sociais estão melhorando a usabilidade de suas plataformas, pensando em atender melhor seu público que é tão diverso.

As principais redes como Facebook, Instagram, Twitter e LinkedIn implementaram o recurso de texto alternativo, porém estes não são divulgados como deveriam. Mas não se preocupe, pois até o final deste texto vamos ensinar você a fazer isso!

Esse recurso basicamente permite que seja feita a descrição da imagem, de acordo com os dados informados pelo responsável pelo post. Esse conteúdo não aparece no texto da publicação e as pessoas que enxergam nem percebem que tem algo lá. Já para as pessoas com deficiência visual que usam os leitores de tela, fica muito mais fácil entender as imagens dessa maneira. 

No caso de conteúdos em vídeo, ainda não existe nenhum recurso nessas plataformas que tenha essa função. Alguns usuários realizam a audiodescrição no processo de produção do vídeo e em outros casos a descrição é feita no próprio texto da publicação. 

Imagem de fundo roxo, com o sinal de acessibilidade à esquerda. Ao lado direito da figura está escrito: o guia final de ferramentas de acessibilidade digital.

Como fazer uma boa descrição alternativa?

Comece dizendo o formato do conteúdo, por exemplo: fotografia, ilustração, tirinha, vídeo ou algum outro. Quando for uma imagem, faça a descrição da esquerda para a direita e de cima para baixo, na mesma ordem natural da escrita e leitura ocidental. Informe os elementos que constam na imagem e suas cores como cor de fundo, cor de cabelos, olhos, roupa. Seja breve e sucinto, mas capriche! Evite adjetivos como “uma linda moça, um belo sorriso”. Algo que é atrativo para você, pode não ser para quem está ouvindo. Deixe que ela decida o que é agradável à ela! Uma dica mega especial é olhar a imagem e em seguida fechar os olhos. Recorde os elementos que marcaram você e aposte em escrever sobre eles. 

Na hora de fazer a descrição de vídeos, se apegue as partes mais importantes de cada cena e siga a sequência do conteúdo que está sendo exibido. Use a #PraCegoVer no início. Quando escrever hashtags com mais de uma palavra, digite todas juntas e sempre com a inicial de cada uma delas em letra maiúscula, isso facilita a leitura tanto das pessoas videntes quanto dos leitores de tela.  E lembre sempre que alguém está prestando atenção em tudo e ouvindo o que é descrito!

Botando a mão na massa:

Você já percebeu como é importante fazer a descrição dos conteúdos que publica. Para que termine sua leitura pronto para postar suas imagens com texto alternativo, vamos mostrar como fazer isso nas principais redes sociais que contam com o recurso. Confira o passo a passo a seguir:

No Facebook:

Dentro de sua conta, ao iniciar uma publicação, faça o upload da imagem e em seguida clique em “editar foto”:

Página de publicação do Facebook. Na tela está a miniatura de uma imagem do Hugo que será publicada. O destaque está no ícone editar foto.

Selecione a opção texto alternativo e após isso um campo será aberto para que você faça a descrição da imagem. Ela será publicada e reproduzida pelos leitores de tela com as informações que constarão no conteúdo escrito: 

Página de publicação do Facebook. No canto esquerdo existem diferentes ícones para as funções de publicação. Ao lado está um campo aberto para a inserção do texto alternativo. A foto do Hugo está no centro da tela.

No Instagram:

Inicie sua publicação selecionando a imagem e em seguida clique em avançar:

Imagem da tela de publicação do Instagram. Nela uma imagem do Hugo foi selecionada, ao lado consta o espaço para escrever o texto da publicação e do meio para baixo existem diferentes opções de configuração da publicação.

No finalzinho da tela aparecerá a função “Configurações avançadas” e você deverá clicar nela: 

Tela de configurações avançadas de publicação no Instagram. Entre as diferentes opções a de destaque é a função escrever texto alternativo.
Tela para a inserção do texto alternativo no Instagram. Na imagem existe uma miniatura da foto do Hugo que será publicada e ao lado o campo para o texto.

Com a opção configurações avançadas aberta, clique em “Escrever texto alternativo”:

Após isso, é só fazer a descrição da imagem que você vai publicar. 

No Twitter:

Nessa plataforma o processo é um pouquinho diferente. Antes de iniciar sua publicação, vá até as configurações de sua conta e clique em “Acessibilidade”. O campo “Escrever descrições de imagem” não estará selecionado e para habilitá-lo basta ativar essa opção. 

Tela de configurações de conta do Twitter. Entre as funções a que destaca é a escrever descrições de imagem.

Após fazer isso, volte para a página inicial e comece sua publicação. Veja que depois que você selecionar a imagem que será publicada, logo abaixo dela estará a opção: “Adicionar descrição” e é só clicar nela: 

Tela de publicação no Twitter. Nela está a imagem do Hugo que será publicada e abaixo dela está a opção adicionar descrição.

Com a caixa de texto aberta, faça a descrição do conteúdo da imagem:

Tela para inclusão do texto alternativo. Nela está a miniatura da foto do Hugo que será publicada e ao seu lado está um campo para inserção do texto.

No LinkedIn:

Selecione a imagem que deseja publicar e faça o upload. Em seguida aparecerá abaixo dela a opção “Adicionar texto alternativo” e você só precisa clicar nessa opção:

Tela de publicação no LinkedIn. Nela está a foto do Hugo que será publicada e abaixo dela está a opção adicionar texto alternativo.

Com o campo de texto aberto, faça a descrição da sua imagem: 

Tela para a inserção do texto alternativo da publicação no LinkedIn, Ela é uma tela escura com um campo pequeno onde o texto é escrito.

Esse foi um mini tutorial de como fazer publicações de imagens com descrição alternativa. Ele mostra como é simples e rápido deixar seu conteúdo acessível para as pessoas com deficiência visual. E o melhor de tudo é que essas ferramentas estão disponíveis de forma gratuita!

Epa, pera aí! Então eu não devo usar a hashtag?

Ao publicar um vídeo, o uso da hashtag é muito bem vindo! Na descrição desse conteúdo, você poderá fazer um breve relato das cenas que virão a seguir. 

Ainda existem redes sociais que não dispõem do recurso de texto alternativo ou que limitam a quantidade caracteres para a descrição, e o uso da #PraCegoVer pode fazer a lição de casa direitinho. Além disso, a hashtag traz grande visibilidade à causa, valorizando o projeto criado e abrindo os olhos das pessoas que ainda não “enxergam” as pessoas cegas no mundo digital. 

Outra forma super válida de utilizá-la é para destacar que determinado conteúdo possui a descrição. Por exemplo, escrevendo um pequeno texto após essa hashtag dizendo: “#PraCegoVer essa imagem possui recurso de texto alternativo”, quando a rede social contar com essa função. Assim tanto os usuários com deficiência visual como os videntes ficam sabendo que aquela publicação está acessível.

O que começou como um projeto mudou o comportamento de muita gente, inclusive de diferentes empresas no mundo digital. Mesmo quando pequenos, passos dados com empatia e pensando na inclusão podem transformar a realidade de alguém. Que tal começar hoje mesmo a fazer suas publicações com descrição alternativa? Essa já é uma iniciativa que fará muita diferença.  E se precisar de alguma ajudinha, pode contar com o blog do Hugo

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