
Quem acompanha o nosso Blog há algum tempo com certeza já leu uma das nossas Histórias com o Hugo. A gente sempre recebe relatos e casos de usuários do nosso Aplicativo e do nosso Plugin com histórias para contar. No fundo, essas histórias só reforçam a missão da Hand Talk de quebrar barreiras entre surdos e ouvintes e mostram como pequenas atitudes podem ter um efeito enorme quando olhamos para o outro.
Hoje, a gente vai compartilhar a história da Andrea. Ela era professora de artes e se interessava muito por Libras. Quando teve a oportunidade de dar aulas para uma aluna surda, ela resolveu se aprofundar no ensino da língua de sinais. A história da Andrea é cheia de indas e vindas com a Libras e mostra como os professores são fundamentais na aproximação entre os alunos surdos e os alunos ouvintes.
A gente sabe como a educação dos surdos pode ser um desafiadora, mas a Andrea mostra que o primeiro passo para a inclusão está na acessibilidade atitudinaal, ou seja, em como escolhemos agir para criar ambientes mais inclusivos.
Confere só:
Faz uns 5 anos que comecei meus estudos e conheci a língua de sinais, no começo era muito difícil. Me formei no magistério e comecei a dar aulas de artes e na minha primeira experiência como professora me deparei com uma aluna surda – e eu com muito medo de ensinar. Fui fazer pesquisas e encontrei o Hugo, mas com o fim do contrato tive que deixar a escola em que eu estava. Me dediquei, então, a aprender Libras, sem deixar de dar aulas de artes. Três anos se passaram e, com falta de alunos para as aulas de artes, tive que lecionar para alunos surdos. O medo era grande, pois saber falar em língua de sinais é uma coisa, ensinar a língua de sinais é outra. Lá fui eu atrás das pesquisas! Apesar de alguns sinais serem diferentes de estados para estados, o Hugo me mostrou que seria através de brincadeiras e cantos que eu iria conseguir alfabetizar meus alunos , já que muitos deles não sabiam nem Libras nem Português.
Foi nesse ano que conheci um aluno em especial, muito teimoso, briguento, e que aparentemente não tinha jeito. Minha missão era alfabetizá-lo e ensinar-lo a ser mais educado. Mas esse menino não era igual aos demais, ele era surdo. Seu nome era Cristofer, tinha seis anos de idade e nenhum limite, não se comunicava com ninguém, nem mesmo com os pais, que não sabiam como lidar com ele. Iniciei a alfabetização interpretando histórias para a turma, pois ele não queria nem me olhar. Com calma e muita perseverança, consegui a confiança dele. Quando começou a entender os sinais e o que se passava com as historias que eu contava, eu já aproveitava para lhe ensinar um sinal ou uma letra do alfabeto.
Hoje o pequeno Cristofer não deixou de ser teimoso, mas consegue ter uma boa comunicação com todos do CMEI Algodão Doce, graças ao empenho das outras professoras, que me deram a liberdade de trabalhar com os alunos delas. A maioria dos alunos do CMEI já sabem um ou outro sinal, pois em abril começamos um projeto de musicalização em Libras com todas as turmas. O hino de nossa cidade é o que eles mais gostam de cantar! E para minha alegria, o Cristofer irá representar nossa escola em um concurso de poesias! Ele fará a poesia da “borboletinha” em Libras. E isso graças a vocês, pois sem ter conhecido a Hand Talk meus conhecimentos seriam nulos. E, com todas as informações para serem repassadas para os pais e professores, eu sozinha, não conseguiria.
Muito obrigada por fazerem parte da minha vida, pois não é fácil. Só quem trabalha com educação especial sabe o quanto é difícil lutar por pessoas que as vezes não sabem bem de seus direitos e são discriminados pela sociedade. Quantas vezes bati de frente com professores que só reclamam e não fazem nada em sala de aula, com professores que ignoram a existência do aluno com deficiência em sala de aula, ou até mesmo tacham esses alunos de preguiçosos. Cada um nasceu com um propósito. Vocês da Hand Talk nasceram com o de mostrar para o mundo sobre a inclusão, e eu, de mostrar para meus alunos os avanços que podem fazer para chegarem mais perto do mundo que sonham. Obrigada!