A gente sempre fala aqui no blog sobre a luta das pessoas com deficiência em busca de uma sociedade com menos preconceito e mais inclusão. Essa luta é contínua e envolve vários atores diferentes, mas em setembro ela tem um valor especial para a comunidade surda, pois ele é conhecido como o Setembro Azul.
O mês de setembro é marcado por diversos eventos da comunidade surda. Eles são voltados para a conscientização sobre a acessibilidade e a comemoração das conquistas obtidas ao longo dos anos. É comum encontrar vários espetáculos culturais acessíveis sobre a surdez nessa época do ano, além de congressos sobre a Língua Brasileira de Sinais (Libras) e homenagens. Há também um reforço da luta por mais escolas bilíngues, nas quais alunos surdos e ouvintes possam aprender e crescer juntos.
A razão do azul ser a cor-símbolo tem raiz em um passado triste, mas serve como força propulsora para mudanças!
Vamos conhecer um pouco mais sobre essa história?
A escolha do mês de setembro para esse movimento não foi feita por acaso. O mês tem datas importantes para a comunidade surda, sejam elas lembranças das perdas do passado ou celebrações das conquistas:
Da mesma forma, a cor azul representa dois momentos distintos. Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas identificavam as pessoas com deficiência com uma faixa azul no braço, por considerá-las inferiores. E as pessoas surdas também eram obrigadas a usá-la. Com o fim da guerra e o passar dos anos, a cor passou a simbolizar ao mesmo tempo a opressão enfrentada pelos surdos e o orgulho da identidade surda. Afinal de contas, apesar dos grandes problemas do passado e das barreiras atuais, a identidade surda continua forte como nunca!
Essa ressignificação do azul ficou marcada na Cerimônia da Fita Azul (Blue Ribbon Ceremony) em 1999, que lembrava as pessoas surdas que foram vítimas da opressão. Nela, o Dr. Patty Ladd (surdo) usou uma fita azul no braço pela primeira vez como símbolo do movimento. Hoje, a cor azul turquesa é usada, por ser uma cor viva e vibrante, que representa a riqueza cultural de uma comunidade que brilha com orgulho!
A gente sabe que essa luta não cabe em um mês só. Todos os dias as pessoas surdas enfrentam situações diferentes de exclusão e preconceito, passando despercebidos pelas ouvintes como se fossem invisíveis. E é aí que está a chave da questão: a deficiência não está na surdez, mas em quem se recusa a escutar a voz das pessoas surdas.
A deficiência está nas escolas – que não contratam intérpretes de Libras para seus alunos – e nas universidades, que não disponibilizam as aulas online em formato acessível. A deficiência está nas empresas, que evitam contratar pessoas surdas por conta das dificuldades de comunicação e não cumprem a Lei de Cotas. A deficiência está nos sites da internet, que estão offline para grande parte da comunidade surda por só estarem disponíveis em português. A deficiência está em tudo o que a gente faz que impede as pessoas surdas de aprenderem, consumirem e se divertirem.
Quebrar as barreiras da acessibilidade exige que a gente quebre os nossos preconceitos e se aproxime mais da comunidade surda. Não é a toa que a gente recheia o nosso Blog com conteúdo sobre isso. A gente só vai acabar com esse paradigma de exclusão quando nos mexermos e formos atrás de mais informação. Quando ouvirmos a voz das pessoas surdas.
Por isso, todos os anos, nós da Hand Talk abordamos o Setembro Azul de forma a fortalecer a visibilidade e protagonismo da pessoa surda. Você pode acompanhar todas as campanhas nos nossos canais: Instagram, LinkedIn, YouTube, Tiktok e mais!
Em 2017, por exemplo, fizemos, em parceria com o pessoal do Portal Acesse, uma série de vídeos sobre O Impacto do Silêncio na qual algumas pessoas surdas falam sobre as dificuldades que a falta de acessibilidade traz para o dia a dia. O objetivo da série é dar visibilidade para essa discussão e celebrar o mês do surdo. Você encontra os demais vídeos lá no nosso canal do Youtube, que você acessa clicando aqui!
Você pode assistir os dois primeiros vídeos da série aqui embaixo:
Setembro pode ser o mês dos surdos, mas a responsabilidade de fazer uma sociedade mais inclusiva todos os dias é de todo mundo! Bora fazer a diferença? 😉