O benefício mais óbvio da acessibilidade digital é que ela ajuda pessoas com diferentes deficiências a aproveitarem o conteúdo, os produtos e os serviços na internet. No entanto, as vantagens dessa acessibilidade não se limitam ao impacto imediato para pessoas com deficiência – e algumas delas podem te surpreender! 😯
Neste texto, discutiremos seis benefícios adicionais de acessibilidade digital para sua organização, seus funcionários e seus clientes.
À medida que a internet e outras tecnologias digitais se tornam cada vez mais predominantes na vida diária, não é difícil argumentar que a acessibilidade digital é um direito civil para pessoas com deficiência. A Lei Brasileira de Inclusão (ou Estatuto da Pessoa com Deficiência), que entrou em vigor em 2016, garante que as pessoas com deficiência tenham acesso à informação e à comunicação. Validando em seu artigo 63 o acesso à comunicação também através da internet:
Art. 63. “É obrigatória a acessibilidade nos sítios da internet mantidos por empresas com sede ou representação comercial no País ou por órgãos de governo, para uso da pessoa com deficiência, garantindo-lhe acesso às informações disponíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente.”
– Lei Brasileira de Inclusão (Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015).
Empresas que querem evitar queixas de discriminação e ações legais devem trabalhar para implementar padrões de acessibilidade na web, como as Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo da Web (WCAG). Pode-se obter também o Selo de Acessibilidade Digital lançado pela Prefeitura de São Paulo. Validado pela CPA (Comissão Permanente de Acessibilidade), o objetivo do Selo é incentivar a prática da acessibilidade na web e reconhecer as organizações que já têm sites acessíveis. Apesar desta ser uma iniciativa local, o selo vale para todo Brasil!
Existem diferentes tipos de deficiência: auditivas, visuais, motoras e cognitivas. O censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) estima que aproximadamente 17,3 milhões de pessoas no Brasil possuam algum tipo de deficiência.
Empresas e organizações perdem grandes oportunidades de negócio por não serem acessíveis no mundo digital. De acordo com a pesquisa Click-Away Pound, os varejistas do Reino Unido perderam cerca de £ 11,75 bilhões (aproximadamente R$ 57,26 bilhões) em 2016 porque as pessoas com deficiências não puderam comprar seus produtos online. O que mostra como esse problema é global e que todos precisam contribuir para uma internet mais acessível.
Melhorar a acessibilidade do seu site é uma questão de bom senso comercial. Embora não seja possível criar um website que seja acessível a todos no planeta, algumas modificações comuns podem ajudar muito as pessoas com deficiências a acessar seu conteúdo. Além disso, recursos como transcrições e closed captions, suporte a dispositivos móveis e um design de site simples e claro serão benéficos para todos os usuários, não apenas para aqueles que precisam deles devido alguma deficiência.
Nessa era de ativismo digital, muitos consumidores querem apoiar empresas que compartilhem suas crenças, ideais e valores. De acordo com uma pesquisa recente da Accenture Strategy, 62% dos consumidores preferem fazer compras com uma marca que esteja disposta a se posicionar sobre questões importantes. Além disso, 47% estão dispostos a desistir se ficarem desapontados com as palavras ou ações de uma empresa e 17% não retornarão.
A acessibilidade digital é uma causa importante tanto para pessoas com deficiência quanto seus entes queridos e defensores dos direitos delas. Ao tomar uma posição sobre acessibilidade digital, você estará construindo a base de uma imagem de marca positiva para sua organização. Pessoas com deficiência que têm boas experiências com sua empresa estão mais propensas a recomendá-lo aos familiares, amigos, conhecidos e em suas mídias sociais. Isso demonstra um compromisso verdadeiro com acessibilidade, e aumentar muito o seu público.
Criar um site acessível é muito mais do que deixá-lo utilizável, é também aumentar as chances dele ser encontrado ao melhorar a otimização nos mecanismos de busca (SEO).
O objetivo do SEO é atrair mais tráfego para o seu conteúdo, melhorando a classificação do seu site em mecanismos de pesquisa, como o Google. Embora os detalhes exatos de como as páginas são classificadas no Google nunca sejam totalmente revelados, existem algumas práticas recomendadas de SEO com as quais quase todos os profissionais de marketing digital podem concordar.
Em muitos casos, os objetivos de acessibilidade digital e SEO estão alinhados. Criar sites com interfaces mais limpas e navegação mais fácil ajuda pessoas com deficiência, mas também melhora sua taxa de rejeição (a porcentagem de visitantes que deixam seu site depois de apenas uma visita à página).
Por exemplo, fornecer legendas ocultas e transcrições para o seu conteúdo é uma meta compartilhada de acessibilidade da Web e SEO. O Google e outros mecanismos de pesquisa são baseados principalmente em texto, o que significa que eles não podem pesquisar o discurso em seu conteúdo de vídeo e áudio. Legendas ocultas e transcrições ajudam com SEO porque fornecem texto que pode ser descoberto e indexado pelo Google e outros mecanismos de pesquisa, ajudando os usuários a encontrar as informações relevantes em seu site.
Assim como a acessibilidade digital e o SEO estão vinculados, o mesmo ocorre com acessibilidade e usabilidade na Web.
O objetivo da acessibilidade é tornar produtos, serviços e ambientes mais utilizáveis por pessoas com deficiência. Diante disso, a acessibilidade pode ser vista como um conceito de subutilização ou sobreposição de usabilidade, que visa melhorar a facilidade de uso e a experiência do usuário de um produto ou serviço.
Por exemplo, os padrões de acessibilidade da Web, como o WCAG, exigem que os sites sejam totalmente utilizáveis e navegáveis apenas com o teclado (ou seja, sem o uso de um mouse). Claro, isso beneficia as pessoas que podem ter desafios ao operar um mouse de computador padrão.
No entanto, tornar seu site navegável com um teclado também beneficia sua base de usuários mais ampla. Cumprir este requisito implica que os elementos de navegação do seu site estejam bem organizados em uma hierarquia rígida, o que ajudará todos os usuários a localizar mais facilmente o conteúdo de que precisam.
Outras recomendações de acessibilidade da Web também melhoram a usabilidade geral do seu site. Por exemplo, textos alternativos para imagens e objetos em seu site podem ajudar pessoas com conexões de internet mais lentas a entender a finalidade do conteúdo antes de carregá-lo. Glossários com definições de siglas, palavras raras e termos técnicos são úteis para algumas pessoas com deficiência cognitiva, algumas pessoas que falam inglês como segunda língua e todos em diferentes momentos.
Pensando ainda em usabilidade e boas práticas na Web, a Hand Talk criou uma solução que traduz todo o conteúdo de sites para a língua de sinais com um tradutor virtual chamado Hugo.
Como uma vantagem final para seus desenvolvedores e designers, os sites criados com a acessibilidade em mente tendem a ter uma base de códigos de maior qualidade. Ferramentas de teste de acessibilidade, por exemplo, também podem identificar erros que criam problemas gerais de usabilidade.
Escrever um código mais limpo tem uma variedade de benefícios para o seu site, incluindo melhores interfaces de usuário, menos bugs e tempos de carregamento mais rápidos (o que também irá melhorar sua classificação de SEO como resultado). Sob essa luz, a acessibilidade deve ser vista como um investimento em sua base de códigos e no futuro de seus negócios.
A ideia de que a acessibilidade digital só beneficia pessoas com deficiência é um dos mitos mais comuns sobre o assunto. Nesse texto você pôde entender que com uma web mais acessível todos saem ganhando. 😊
Adaptado de Bureau of Internet Accessibility