Se você fizer uma busca rápida aqui no blog, vai encontrar facilmente a palavra acessibilidade em nossos textos. A acessibilidade é um dos focos centrais por aqui, mas antes de entrarmos mais a fundo em qualquer outro assunto, gostaríamos de voltar os nossos olhares para esse nosso foco central.
Então, o que é essa acessibilidade que discutimos tanto? Quais são os exemplos existentes? Como colocamos em prática? Acompanhe nosso texto e você encontrará as respostas para todas estas perguntas.
Vem com a gente!
O que é acessibilidade?
De acordo com uma definição do Governo Federal, acessibilidade significa incluir pessoas com deficiência na participação de diferentes atividades como o uso de produtos, serviços e informações. Mas a acessibilidade vai além disso. Além de promover a independência de pessoas com deficiência, a acessibilidade beneficia muita gente. Quer saber como?
Se estamos carregando uma mala pesada e ao invés de usar as escadas usamos a rampa, isso é acessibilidade. Se assistimos um vídeo e estamos impossibilitados de ouví-lo com áudio, seja por alguma questão técnica ou por estar no transporte público sem fones de ouvido, e ele possui legendas, isso também é acessibilidade.
Quais são os tipos de acessibilidade?
Já demos alguns exemplos simples de acessibilidade, mas agora vamos falar sobre os tipos que existem e o que cada um deles significa.
1. Acessibilidade atitudinal:
Esse é o exemplo mais simples de ser colocado em prática, porque depende apenas de nós. Acessibilidade atitudinal diz respeito às ações que tomamos como indivíduos para diminuir as barreiras entre as pessoas com deficiência e sem deficiência. É se colocar minimamente no lugar do outro, pensar e realizar ações que promovam um mundo mais justo e inclusivo para todas as pessoas.
2. Acessibilidade arquitetônica:
Já reparou naqueles elevadores do metrô, rampas dos ônibus ou mesmo no corrimão das escadas? Esses são exemplos de acessibilidade arquitetônica. A acessibilidade arquitetônica está relacionada aos recursos que permitam a locomoção de pessoas com deficiência física ou mobilidade reduzida, em qualquer espaço com autonomia.
3. Acessibilidade metodológica:
Pessoas com deficiência encontram inúmeros desafios no dia a dia e isso também inclui o contexto da educação. Mesmo leis que garantem o acesso pleno delas às instituições de ensino, os obstáculos ainda são grandes. A acessibilidade metodológica também conhecida como acessibilidade pedagógica envolve a diversificação de metodologias e técnicas para viabilizar total acesso de pessoas com deficiência à educação.
4. Acessibilidade programática
Contamos por aqui que existem diferentes leis que garantem os direitos das pessoas com deficiência, certo? E a acessibilidade programática está justamente ligada à sensibilização, conscientização e aplicação dessas normas, decretos, regulamentações, leis e políticas públicas que respeitam as necessidades das pessoas com deficiência.
5. Acessibilidade instrumental
O objetivo da acessibilidade instrumental é superar barreiras no uso de utensílios e ferramentas que são necessárias no desenvolvimento de atividades escolares, profissionais, de recreação e até mesmo de lazer. Softwares de leitores de tela, quadros de comunicação aumentativa, engrossadores de pincéis, canetas, lápis, são bons exemplos.
6. Acessibilidade nos transportes
Pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida têm saído cada vez mais de suas casas, seja para ir ao trabalho, estudar ou fazer um trajeto mais distante por lazer. Por isso, a demanda por acessibilidade no transporte tem seguido uma curva crescente.
Ela não diz respeito apenas aos assentos preferenciais nos meios de transporte, mas em todo o processo que a pessoa realiza para fazer a sua viagem. Catracas que permitam a passagem de pessoas em cadeiras de rodas, piso tátil e placas de sinalização estão dentro dessa categoria de acessibilidade.
7. Acessibilidade nas comunicações
Tornar as comunicações de fácil entendimento para o maior número de pessoas possível é o objetivo desse tipo de acessibilidade. Somos seres comunicacionais, seja através da fala, de sinais ou expressões. Sem a comunicação não conseguimos nos relacionar enquanto indivíduos e sociedade. Intérprete de Libras, assistentes virtuais, legendas em vídeos são exemplos de acessibilidade comunicacional.
8. Acessibilidade digital
Por conta do avanço acelerado da tecnologia e da presença cada vez maior das pessoas nas redes sociais, que transformou a forma como nos relacionamos atualmente, a acessibilidade digital é um dos tipos de acessibilidade mais discutidos e exigidos nos últimos anos.
A acessibilidade natural tem como missão quebrar barreiras que a própria natureza produz. Vegetação irregular, árvores que viram obstáculos no caminho ou fecham trilhas, terra, areia, água… A acessibilidade natural acontece quando, por exemplo, nas praias são disponibilizadas cadeiras de rodas anfíbias para que pessoas com deficiência física possam se locomover na areia e entrarem no mar.
Quais os exemplos de acessibilidade?
Explicamos os diferentes tipos de acessibilidade e até contamos algumas situações em que esses tipos de acessibilidade acontecem, mas listamos aqui algumas ferramentas bem comuns.
Audiodescrição
Essa é uma solução muito utilizada por pessoas com deficiência visual para entender o contexto de um conteúdo que está sendo exibido. Seja na televisão, vídeos da internet ou em eventos presenciais, os audiodescritores – profissionais especializados nessa área – passam através de suas vozes o que está acontecendo em determinado cenário.
Pessoas comuns também podem fazer suas auto descrições quando estão participando de uma live ou de uma cerimônia e queiram torná-las mais acessíveis. A audiodescrição deve ser fluida e não trazer adjetivos pessoais e opiniões próprias como: “ na cena existe uma mulher bonita sorrindo”, pois cada um tem uma percepção de beleza.
Audiolivros
Conhecidos também como audiobooks, essa solução nada mais é que a gravação de conteúdos de livros de forma narrada em voz alta dentro de um estúdio ou em um ambiente que possua equipamentos para essa finalidade.
O propósito dos audiolivros é facilitar a leitura e garantir o acesso à cultura de pessoas com deficiência visual e dislexia, por exemplo. Além disso, ela é uma grande aliada no incentivo ao hábito de leitura para pessoas sem deficiência também. É uma forma diferente de consumir histórias. Acontecendo no ritmo que a pessoa define como melhor para ela.
Elevador
Com a missão de garantir uma locomoção mais eficiente, tornando os locais mais funcionais e proporcionando o direito de ir e vir de forma plena, os elevadores têm um grande papel na inclusão social. Por meio deles, pessoas com deficiência física possuem mais autonomia e qualidade de vida, podendo circular em diferentes pavimentos e usufruir de espaços como os demais usuários.
Elevadores de uso restrito ou elevadores para pessoas com deficiência minimizam de forma significativa possíveis acidentes em diferentes ambientes. Eles possuem fácil instalação, pois não exigem a construção de poços ou casas de máquina, não gerando grandes demandas ao local em que for implementado.
Legendas closed caption
Resumindo de forma simples, as legendas ou closed captions (CC) são a tradução em texto da fala de personagens que estão em um conteúdo audiovisual. Elas são um dos recursos de acessibilidade mais universal que existem.
Isso porque beneficiam tanto pessoas surdas ou com deficiência auditiva que dependem desta ferramenta para entender conteúdos que contenham áudio, como pessoas sem deficiência em diferentes cenários.
Os leitores de tela são ferramentas que capturam informações apresentadas em forma de texto e transformam em uma resposta de áudio por meio de sintetizadores de voz. Eles fazem uma varredura e buscam essas informações que podem ser lidas para o usuário, possibilitando a navegação por menus, janelas e textos.
Imprescindível para pessoas cegas e com diferentes deficiências visuais, hoje é possível encontrar esse recurso nativo em diferentes modelos de smartphones.
Os ampliadores de tela, por sua vez, são soluções que aumentam o tamanho de fontes e imagens na tela do computador para os usuários com baixa visão. Existem diferentes opções de ampliadores de tela gratuitos para os mais variados sistemas operacionais.
A Libras é a língua materna da maioria das pessoas surdas. Além de ser uma forma de comunicação é muitas vezes uma expressão cultural, uma identidade dessas pessoas. A Libras é reconhecida como idioma em nosso país desde 2002 por meio da Lei nº 10.436.
Respeitar a forma como as pessoas querem se comunicar e tornar os ambientes em que elas estão acessíveis faz toda a diferença. Por isso, é cada vez mais comum vermos intérpretes de Libras em eventos, comerciais e programas de TV.
Linha Braille
Para pessoas surdocegas, a Linha Braille ou Display Braille é a única maneira de ter acesso a dispositivos móveis ou computadores para navegar na internet e se comunicar, mas existem pessoas com outras deficiências visuais que também podem usufruir de um aparelho como esse.
A Linha Braille é uma espécie de mistura entre computador e máquina braille, que é capaz de converter instantaneamente, com pontos em alto relevo, textos ou dados de telas de tablets, computadores e celulares.
Piso tátil
Esse piso pode não fazer muita diferença para pessoas videntes, mas para pessoas com deficiência visual e baixa visão ele representa independência na locomoção. Piso tátil, piso podotátil, superfície tátil ou pavimento tátil são faixas com relevos aplicadas no chão que auxiliam na locomoção e compreensão de onde se está circulando.
Existem dois tipos de piso tátil que são o de alerta, formado por pequenas esferas e que tem como função avisar sobre possíveis obstáculos que estejam pelo percurso, como escadas, rampas, elevadores e calçadas. E o direcional que por meio de uma linha contínua orienta o caminho correto e mais prático para as pessoas seguirem. Ambos podem ser percebidos com o auxílio de bengalas.
Rampas de acesso
As rampas de acesso são adaptações em locais públicos e privados que auxiliam na circulação de pessoas que utilizam cadeiras de rodas, possuem mobilidade reduzida ou qualquer questão física que as impossibilitem de subirem escadas, por exemplo.
Elas também são comumente encontradas em calçadas e lugares que necessitem de deslocamento em diferentes níveis, como em estações de metrô.
Existem alguns parâmetros mínimos para a instalação como inclinação, os desníveis a serem vencidos e o número máximo de segmentos. Estes parâmetros podem ser encontrados na norma brasileira ABNT NBR 9050 que diz respeito à acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos.
Vagas de estacionamento
Por meio da Lei 10.098/00, as pessoas com deficiência tiveram direito a vagas exclusivas em vias e estacionamentos. Estas devem ser próximas dos acessos de circulação de pedestres e estarem devidamente sinalizadas.
O objetivo é assegurar o direito ao transporte e à mobilidade deste grupo. Pela Lei Brasileira de Inclusão, instituída em 2015, 2% das vagas de estacionamentos públicos e privados devem ser reservadas para pessoas com deficiência. É importante ressaltar que quem se enquadra nesse perfil, precisa fazer o uso de uma credencial em seus veículos que comprove este direito.
Ainda estamos longe do cenário ideal, mas seguimos avançando. Para construirmos um mundo melhor para todos, pessoas com deficiência ou não precisam prestar atenção se esses direitos estão sendo assegurados. Cada um de nós também precisa fazer a sua parte e ela começa com o respeito!