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O panorama da acessibilidade digital no Brasil na opinião das pessoas com deficiência

Capa do artigo "Panorama da Acessibilidade Digital no Brasil". Fundo preto e uma ilustração do Brasil em azul. Na frente, está o Hugo sorrindo segurando uma prancheta e um lápis, e o ícone da acessibilidade ao lado. Do lado direito da tela está escrito "Estudo Panorama da Acessibilidade Digital no Brasil. Parte 1".

O quanto você conhece sobre a acessibilidade digital no Brasil? Além de saber que ela está nos seus estágios iniciais, até o momento nós não tínhamos muita informação sobre o tema. E para piorar esse cenário, os dados que tínhamos não eram muito animadores. Por exemplo, mesmo com mais de 17 milhões de pessoas com deficiência no nosso país, menos de 1% dos sites brasileiros são considerados acessíveis. Em resumo: a web não é acessível para as pessoas com deficiência, certo?

Para sair do achismo e contribuir com a produção de conhecimento sobre esse assunto, a Hand Talk, em parceria com o Movimento Web Para Todos, conduziu um estudo sobre O Panorama da Acessibilidade Digital no Brasil. O primeiro recorte de informações que fizemos foi a partir das percepções das pessoas com deficiência sobre o tema, e separamos aqui alguns dos principais resultados e reflexões sobre a pesquisa para você conferir em seguida, então vamos nessa!

O que é acessibilidade digital?

É sempre bom começar pelo começo, não é mesmo? A acessibilidade digital diz respeito à criação de produtos e ambientes digitais que possam ser utilizados por todas as pessoas, independentemente de suas habilidades físicas, sensoriais ou cognitivas. Isso envolve tornar sites, aplicativos, documentos e outras formas de conteúdo digital compreensíveis e operáveis para o maior número de pessoas usuárias possível.

Infelizmente, muitas vezes a acessibilidade digital ainda é deixada de lado, seja por falta de conhecimento sobre o assunto e como implementá-lo, ou até por falta de orçamento ou baixa prioridade do projeto. Ainda vamos falar mais sobre como as organizações estão adotando iniciativas de acessibilidade digital no dia a dia, então continue a leitura!

Quais são alguns exemplos de acessibilidade digital?

Existe uma gama enorme de exemplos de acessibilidade digital, sejam eles produtos ou serviços. Para te contextualizar melhor, estes são alguns deles:

  • Leitores de tela: são tecnologias que convertem texto em áudio, permitindo que pessoas cegas ou com baixa visão usem computadores e dispositivos móveis com mais autonomia.
  • Design responsivo: criar designs que se adaptem a diferentes tamanhos de tela e dispositivos é super importante para melhorar a usabilidade para todas as pessoas.
  • Teclados virtuais: uma ótima opção para aquelas pessoas que possuem dificuldades motoras ou não podem usar teclados físicos.
  • Alternativas textuais para mídias: podem aparecer no formato de textos alternativos ou legendas para imagens, gráficos e vídeos, tornando o conteúdo compreensível para pessoas com deficiência visual.
  • Tradutores automáticos de Línguas de Sinais: são ferramentas como o Hand Talk Plugin, que ao serem instaladas em sites traduzem o conteúdo em texto de português para Libras (Lìngua Brasileira de Sinais), melhorando a experiência da comunidade surda que se comunica principalmente em Língua de Sinais.

O comportamento digital e as necessidades assistivas

Isso pode ser uma surpresa, mas 47,88% das pessoas com deficiência entrevistadas no estudo disseram concordar, parcialmente ou totalmente, que os sites e aplicativos com que interagem no dia a dia contemplam suas necessidades de navegação. No entanto, é curioso avaliar que ninguém com cegueira ou deficiência visual estava completamente de acordo com a afirmação. Ou seja, a web pode até ser mais acessível do que imaginávamos, mas precisamos melhorar nossas ações de inclusão principalmente para pessoas cegas ou com baixa visão.

Como você pode perceber, ainda falta uma grande parcela de pessoas com deficiência sentir que o universo online é acessível, mas quais são os recursos assistivos dos quais elas mais sentem falta? Em primeiro lugar está uma boa estrutura nos sites para que leitores de tela funcionem bem, seguido por ter um atendimento online especializado para pessoas com deficiência. Para fechar o top 3 está a disponibilização desse atendimento especializado durante 24 horas por dia, e por fim, ter a opção de traduzir os conteúdos escritos nos sites para a Língua Brasileira de Sinais (Libras).

Agora, quando pensamos em tecnologias assistivas, os toolkits, ferramentas com diversas funcionalidades de ajustes de layout de páginas de sites, por exemplo, foram os mais classificados como “péssimo” em comparação com as demais soluções. É interessante perceber que as pessoas usuárias com deficiência valorizam mais as extensões gratuitas oferecidas nos navegadores do que esses “toolkits”, já que estas extensões têm praticamente as mesmas funcionalidades e são melhor avaliadas pelas pessoas entrevistadas.

A acessibilidade para ingressar no mercado de trabalho

Apesar do foco deste estudo não ter sido o mercado de trabalho para as pessoas com deficiência, queríamos entender quais eram as barreiras de acessibilidade que elas mais precisavam enfrentar para conseguir uma colocação profissional.

A maioria das pessoas entrevistadas (48,47%) concorda, parcial ou totalmente, que o número de vagas afirmativas para pessoas com deficiência está aumentando. Esses dados podem evidenciar um movimento positivo do mercado de trabalho em busca de uma inclusão social mais efetiva. Por outro lado, apenas 36,70% delas dizem concordar, parcial ou totalmente, que os processos seletivos contemplam suas necessidades assistivas.

Ou seja, há uma preocupação das empresas em oferecer vagas para pessoas com deficiência, porém não há um preparo adequado para conduzir os processos seletivos contemplando suas necessidades assistivas e garantindo sua inclusão desde esse momento.

O comportamento das empresas e suas iniciativas inclusivas

Você já se perguntou quais são as causas sociais mais abraçadas pelas empresas brasileiras? De acordo com as pessoas com deficiência respondentes do estudo, as três principais são: a inclusão das próprias pessoas com deficiência, igualdade racial e a inclusão de grupos LGBTQIAP+. Mas se a inclusão da comunidade com deficiência é tão importante, por que a acessibilidade digital ainda parece tão distante?

Segundo o estudo, as organizações ainda possuem muitas dificuldades para colocar a acessibilidade digital em prática, principalmente por conta da falta de conhecimento sobre o tema e da falta de aderência de outros times essenciais para o sucesso do projeto. No fim, muitas iniciativas não saem do papel ou se saem, as equipes não sabem como metrificar seu impacto para o negócio. Um dos motivos pode ser a falta de pessoas com deficiência em posições de tomada de decisão em relação às práticas de acessibilidade digital. Por exemplo, 44,8% das pessoas com deficiência não participam da tomada de decisão em relação à compra de ferramentas que ajudam a implementá-las.

Ou seja, precisamos urgentemente educar o mercado sobre o que é e como implementar a acessibilidade digital no dia a dia. Afinal, apenas 18% das empresas representadas pelas pessoas participantes contratam especialistas em acessibilidade digital e somente 21,6% aplicam treinamentos periódicos sobre o tema.

Afinal, qual é o cenário da inclusão digital no Brasil?

Com esse levantamento inédito da pesquisa, conseguimos perceber que ainda temos um desafio significativo pela frente. No entanto, também é uma oportunidade para começarmos a agir de forma mais proativa e colaborativa para promover a acessibilidade digital no Brasil. Iniciativas acessíveis precisam ser mais priorizadas, e somente através da conscientização, educação e esforços coordenados poderemos construir um ambiente digital verdadeiramente inclusivo!

Se interessou por este assunto e quer saber mais sobre o panorama da acessibilidade digital no Brasil? Faça o download gratuito do estudo agora mesmo e tenha acesso a esses e outros dados detalhados!

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