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Como é o mercado de trabalho para as pessoas com deficiência?

Fundo roxo. No centro, uma ilustração da Maya lendo um folheto, dentro da tela de um computador. Ao redor dela, o ícone das pessoas com deficiência e uma pasta de trabalho.

Conseguir uma posição no mercado de trabalho não é uma tarefa fácil para ninguém, mas principalmente para as pessoas com deficiência. De fato, elas enfrentam mais barreiras em processos seletivos, e até dentro das empresas, do que o resto da população. Hoje existem cerca de 17 milhões de pessoas com deficiência no Brasil, mas até então pouco se sabia sobre sua experiência profissional. Com isso em mente, a NOZ Inteligência, em parceria com a Hand Talk, conduziu um estudo sobre Pessoas com Deficiência e Empregabilidade. Separamos alguns dos principais resultados e reflexões sobre a pesquisa para você conferir aqui em seguida.

O mercado de trabalho para as pessoas com deficiência é acessível?

Como já falamos aqui no blog, acessibilidade é lei no nosso país. Inclusive, a Lei de Cotas, publicada em 1991, determina que todas as grandes empresas devem ter um número mínimo de colaboradores com deficiência em suas equipes, variando de 2% a 5% do número total de funcionários. Apesar dessa iniciativa que promove a inclusão dessa parcela da população no mercado de trabalho, o estudo revelou que muitas dessas pessoas ainda sofrem com o preconceito para conseguir um emprego.

Por exemplo, das pessoas que nunca atuaram no mercado de trabalho, 61% dizem que foi por falta de vagas e oportunidades, e 38% afirmam ter sido por conta de preconceito. Ainda, dos 3.730 entrevistados, 71% acreditam que a sociedade brasileira ainda é muito capacitista. Caso você ainda não conheça esse termo, o capacitismo é a discriminação de pessoas com deficiência, pautado na construção social de um corpo padrão, sem deficiência, denominado como “normal” e da subestimação da capacidade e aptidão de pessoas em virtude de suas deficiências.

Pensando mais especificamente nas pessoas com algum grau de deficiência auditiva, 42% delas consideram difícil ou muito difícil a falta de acessibilidade comunicacional na rotina profissional e na busca por vagas de emprego. Ou seja, a ausência de intérpretes de Libras (a Língua Brasileira de Sinais), acessibilidade digital e de outros recursos que facilitam a comunicação é extremamente prejudicial para o seu desenvolvimento profissional.

Fundo azul. Está escrito em branco "Os maiores equívocos dos gestores na contratação de PCDs. No canto direito, um botão verde escrito "baixe o e-book gratis"

O nível de escolaridade das pessoas com deficiência

Como você já deve imaginar, as pessoas com deficiência enfrentam diversas barreiras para avançarem com seus estudos. Para ilustrar, apenas 5% delas concluíram o ensino superior, contra 15% das pessoas sem deficiência. Isso não acaba sendo uma surpresa, considerando que são apenas 16% dos alunos com deficiência que se graduaram no ensino médio.

Quando a gente pensa nas pessoas surdas e com deficiência auditiva, infelizmente os dados não são muito diferentes. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Locomotiva e a Semana da Acessibilidade Surda, só 7% das pessoas desse grupo se formaram no nível superior, 15% terminaram o ensino médio, 46% se formaram no ensino fundamental e 32% não concluíram nenhum nível formal de escolaridade. De novo a gente percebe como a falta de acessibilidade tem um impacto tão grande.

No entanto, o estudo Pessoas com Deficiência e Empregabilidade apresentou alguns outros dados bem interessantes sobre esse mesmo tema. Dentro do universo de 3.730 respondentes, 51% das pessoas com deficiência têm ensino superior completo ou até além, incluindo pós-graduações lato sensu, mestrado ou doutorado. Ou seja, nem sempre a falta de oportunidades está relacionada com a qualificação profissional. Mais uma vez, caímos na questão do preconceito e do capacitismo, que está barrando esses profissionais de desenvolverem e avançarem com suas carreiras.

Quais são os cursos mais inclusivos do Brasil?

Como já mencionamos, muitos alunos com deficiência têm dificuldade com a falta de acessibilidade nas instituições de ensino. Por conta disso, o portal Virando Bixo, especializado em informações para vestibulandos, divulgou os cursos mais e menos inclusivos do Brasil, de acordo com dados do INEP. Vem conferir!

Cursos mais inclusivos

  1. Formação de professor em Língua Brasileira de Sinais – Libras (12,89%)
  2. Jogos digitais (1,29%)
  3. Formação de professor em Computação (1,23%)
  4. Biblioteconomia (1,22%)
  5. Administração pública (1,08%)

Cursos menos inclusivos

  1. Segurança pública (0,16%)
  2. Segurança privada (0,24%)
  3. Produção industrial (0,30%)
  4. Negócios imobiliários (0,31%)
  5. Engenharia mecatrônica (0,32%)

Promoções e planos de carreira

Ter ambições profissionais e um plano de carreira bem construído é super importante para que a gente consiga avançar no mercado de trabalho, certo? Então quando chega o momento de receber uma promoção, ficamos muito felizes e sentimos que nosso esforço e trabalho está sendo reconhecido. Mas e quando esse reconhecimento não chega nunca? Será que é falta de empenho ou falta de oportunidades? Para as pessoas com deficiência, normalmente a resposta é a segunda opção.

De todas as pessoas que participaram do estudo Pessoas com Deficiência e Empregabilidade, 60% nunca foram promovidas e nunca receberam um aumento de salário como reconhecimento pelo seu desempenho. Podemos ir mais além e avaliar também essa questão de acordo com o grau de deficiência de cada pessoa. Assim, o estudo mostrou que 54% das pessoas com deficiência leve nunca foram promovidas, contra 62% das pessoas com deficiência moderada e 62% com deficiência severa. Apesar da diferença entre elas não ser gritantes, já percebemos que quanto mais leve for a deficiência, mais oportunidades de reconhecimento a pessoa tem ao longo de sua carreira.

A consequência disso é que temos mais de ⅓ delas trabalhando como auxiliares, aprendizes ou estagiárias. Enquanto isso, as lideranças seguem sem nenhuma representatividade da comunidade com deficiência, já que 0% ocupam cargos de liderança ou gestão.

O mercado de trabalho para as pessoas com deficiência precisa ser mais inclusivo

Com esse levantamento inédito da pesquisa, conseguimos confirmar o que já observamos há muito tempo: a falta de oportunidades para pessoas com deficiência. Além da possibilidade de contratação, também temos que proporcionar um ambiente que faça com elas possam crescer dentro da carreira, por meio de ações afirmativas e de inclusão. 

Promover a acessibilidade e inclusão no mercado de trabalho só traz vantagens para todo mundo. Além de, é claro, quebrar barreiras que existem na vida das pessoas com deficiência hoje, as empresas também saem ganhando ao ter equipes diversas

Se interessou por este assunto e quer saber mais sobre o cenário do mercado de trabalho para as pessoas com deficiência? Faça o download gratuito do estudo agora mesmo e tenha acesso a esses e outros dados detalhados!

Imagem retangular com fundo roxo. Do lado esquerdo, um círculo verde e a capa do e-book "Pessoas com Deficiência e Empregabilidade" acima. Ao lado, lê-se "Estudo sobre Pessoas com Deficiência e Empregabilidade. Download gratuito!".
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