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O que especialistas pensam sobre a acessibilidade digital no Brasil

Capa do artigo sobre acessibilidade digital na perspectiva de especialistas. Fundo preto. Ilustração da Maya sorrindo e segurando um lápis e uma prancheta. Atrás dela o mapa do Brasil e ao lado o ícone da acessibilidade. Do lado direito da tela está escrito "Estudo Panorama da Acessibilidade Digital no Brasil. Parte 2".

Hoje vamos te contar uma história sobre os primórdios da acessibilidade digital. Esse é um tema que já vem sendo discutido pela sociedade desde os anos 1970 e 1980, quando os computadores pessoais, também conhecidos como PCs, começaram a se popularizar. O assunto foi ganhando forma e potência, até que em 1999 foram lançadas as Diretrizes de Acessibilidade para o Conteúdo da Web (WCAG). Podemos considerar esse como um dos marcos mais importantes para o estabelecimento da acessibilidade digital como um tema que deveria ser levado bastante a sério.

Mesmo sendo tão relevante, podemos dizer que essa área no Brasil ainda está engatinhando. O número de especialistas em acessibilidade digital vem crescendo cada vez mais, mas essas pessoas ainda não têm tanta autonomia, liberdade e recursos para implementar iniciativas acessíveis nas empresas. Mas será que a história é essa mesma?

Para sair do achismo e contribuir com a produção de conhecimento sobre esse assunto, a Hand Talk, em parceria com o Movimento Web Para Todos, conduziu um estudo sobre O Panorama da Acessibilidade Digital no Brasil. Este é o segundo recorte de informações que fazemos, analisando as percepções de especialistas da área sobre o tema. No primeiro material divulgado anteriormente, avaliamos a perspectiva de pessoas com deficiência sobre o assunto.

Separamos aqui alguns dos principais resultados e reflexões sobre a pesquisa para você conferir em seguida, então vamos nessa!

O que são especialistas em acessibilidade?

No geral, são as pessoas responsáveis por diagnosticar, dentro de uma organização, o que precisa ser feito para que ela se torne mais acessível. Mas esse é só o começo! A partir daí, especialistas podem te direcionar para aplicar todas as melhorias necessárias em seus processos, produtos, serviços e políticas. Muito legal, não é mesmo?

Especialistas em acessibilidade podem ter uma atuação bastante abrangente dentro de uma empresa, atuar fazendo parte de consultorias de acessibilidade ou até trabalhar de forma autônoma. Sua função vai desde ajudar na elaboração de checklists a partir de diagnósticos de acessibilidade e leis que se aplicam ao seu negócio, a saber como priorizar essas ações, e até indicar produtos e serviços de boa qualidade (e de acordo com o seu orçamento) para te ajudar a tornar seu negócio mais acessível.

Quem são as pessoas especialistas em acessibilidade digital?

De acordo com as pessoas respondentes do nosso estudo, o perfil mais comum de especialistas em acessibilidade digital é: mulher, branca, heterossexual, sem deficiência, tem entre 31 e 40 anos, possui entre 2 e 4 anos de experiência com acessibilidade digital, trabalha na área de TI (Tecnologia da Informação) e recebe entre R$7.101 e R$22.000,00.

É claro que essa é apenas uma estimativa, baseada no recorte de pessoas entrevistadas. De qualquer forma, é interessante perceber como alguns comportamentos e movimentações da sociedade se refletem nesse pequeno universo também. Por exemplo, apenas 36,9% das pessoas que atuam com TI se autodeclaram pretas e somente 14,6% das equipes de tecnologia contam com pessoas com deficiência. 

O que é importante percebermos aqui é que essa área, assim como muitas outras dentro do mercado corporativo, ainda tem um longo caminho a percorrer em relação a diversidade e inclusão. Nesse caso em específico de funções relacionadas à acessibilidade digital, devemos garantir que as pessoas com deficiência estejam sim presentes nas equipes. Você conhece a frase “nada sobre nós, sem nós”? É essa a ideia. Infelizmente, essa não é a realidade, com apenas 14,6% dos times podendo contar com profissionais com deficiência.

A qualidade das ferramentas atuais

Existem diversas ferramentas de acessibilidade digital por aí. Elas são bastante importantes para auxiliar e otimizar o trabalho de profissionais da acessibilidade, sendo também grandes aliadas das pessoas com deficiência que desejam navegar pela web. Mas você sabe dizer quais delas são realmente efetivas? 

Para tirar essas dúvidas, perguntamos a especialistas da área sua opinião sobre as principais ferramentas assistivas presentes no mercado hoje. Confira:

  • Leitores de tela de sistemas operacionais têm uma aprovação maior por especialistas do que leitores de tela instalados em websites;
  • Para 56% do público de especialistas, ferramentas de avaliação e correção automática da acessibilidade digital de sites são positivas, ajudando os times técnicos a encontrar com mais facilidade os locais que precisam de correções relacionadas à acessibilidade digital, agilizando o processo;
  • Extensões gratuitas de navegadores são mais bem avaliadas do que toolkits, ambas ferramentas do tipo overlay. A crítica que as pessoas especialistas fazem em relação às ferramentas do tipo overlay é que, na maioria das vezes, elas não funcionam com a qualidade necessária sem quebrar o layout dos sites. Além disso, apenas instalar essas ferramentas por si só não garante um ambiente web realmente acessível. 

No geral, especialistas estão bem confiantes sobre o papel da inteligência artificial tornando essas ferramentas mais automatizadas. O caminho mais viável para acelerar o aumento de sites acessíveis é justamente através delas, já que a quantidade de profissionais com uma boa qualificação na área hoje em dia não é suficiente, infelizmente.

Sociedade, cultura e inclusão digital

Em relação à movimentação da sociedade e do governo sobre a pauta da inclusão digital, especialistas em acessibilidade na web estão percebendo uma tendência positiva, assim como dizem 60% das pessoas entrevistadas. Elas afirmam que há sim um aumento na contratação de serviços de acessibilidade digital e um aumento da mudança cultural no meio corporativo. No entanto, é sempre importante reforçar que ainda existem avanços importantes a serem feitos e devemos continuar fazendo nossa parte nesse contexto com empenho.

Por outro lado, as iniciativas governamentais estão deixando a desejar nesse quesito e parecem continuar estagnadas. Apesar da sociedade estar mais participativa na luta por direitos das pessoas com deficiência, e isso ser percebido também em ciclos pessoais, profissionais e nos mais variados espaços digitais (como redes sociais, jogos, streamings e etc), o mesmo comportamento não é percebido por parte das instituições do governo

Uma sugestão para minimizar esse problema seria aumentar a fiscalização por parte de órgãos governamentais, aplicar multas nas empresas e divulgá-las publicamente para que as organizações sintam no bolso, e na sua reputação, as consequências da falta de acessibilidade.

O futuro da acessibilidade digital

Depois de tudo isso, a pergunta que fica é: como continuar progredindo e melhorar ainda mais o cenário da acessibilidade digital no Brasil? Mesmo que a pauta da acessibilidade digital esteja em tendência de crescimento e ganhando espaço, ainda temos menos de 1% dos sites do Brasil acessíveis para as pessoas com deficiência.

Algumas sugestões por parte de especialistas em acessibilidade são, além da maior regulamentação por parte do governo, a veiculação de campanhas de conscientização governamentais que atinjam além dos grandes centros e a capacitação de profissionais da área sobre o tema desde o ensino superior e técnico. Ainda, vale relembrar a importância da realização de testes de usabilidade contínuos que contem com a participação da comunidade com deficiência. Afinal, “nada sobre nós, sem nós”.

Se interessou por este assunto e quer saber mais sobre o panorama da acessibilidade digital no Brasil? Faça o download gratuito do estudo agora mesmo e tenha acesso a esses e outros dados detalhados!

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