Para entendermos melhor sobre a importância da acessibilidade para surdos, primeiro precisamos falar um pouco sobre o cenário da surdez:
No Brasil, existem mais de 2,3 milhões de pessoas surdas e com deficiência auditiva, como constatou a última pesquisa do IBGE. O que a maioria da população ainda não sabe é que, de acordo com um estudo realizado pela Federação Mundial dos Surdos (WFD), 80% das pessoas surdas no mundo possuem dificuldade com as línguas escritas e por isso, muitas delas se comunicam através das Línguas de Sinais. No caso do nosso país, com a Libras (Língua Brasileira de Sinais), por exemplo.
Mas, em um mundo feito por pessoas ouvintes e para pessoas ouvintes, como será que ficam as pessoas surdas? Bom, é aí que entra a acessibilidade!
“Tecnologias assistivas” é um termo usado para se referir às ferramentas de acessibilidade que facilitam o cotidiano das pessoas com deficiência. O objetivo da acessibilidade para surdos é promover mais autonomia e liberdade para que essas pessoas possam ser incluídas na sociedade de forma justa e equitativa.
Por exemplo, para garantir a acessibilidade para uma pessoa surda assistir um vídeo, é necessário a inclusão de legendas e intérprete de Libras, desse modo ela consegue receber a informação que está sendo transmitida por áudio. Apenas a inclusão de legendas não torna o vídeo 100% acessível, pois é necessário levar em consideração a diversidade dentro da própria comunidade surda, já que nem todas as pessoas que fazem parte dela são alfabetizadas na língua portuguesa e preferem receber aquele conteúdo em Libras. Da mesma forma que algumas não usam a Libras e preferem o auxílio das legendas.
Por tanto, a acessibilidade para surdos deve ser pensada de forma ampla, abrangendo toda sua comunidade. Respeitando sua cultura e individualidade.
Como o próprio nome já diz, a Lei de acessibilidade para as pessoas surdas, que também abordam direitos para pessoas com outras deficiências, são as leis que visam garantir os direitos das mesmas. Sempre buscando maior inclusão delas na sociedade e penalizando as pessoas ou instituições que não cumpram com a sua parte. Vamos listar algumas delas abaixo:
Para promover o acesso à informação, à educação, ao trabalho, e a inclusão das pessoas com deficiência na sociedade como um todo, em janeiro de 2016 entrou em vigor a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), que também é conhecida como Estatuto da Pessoa com Deficiência.
Essa lei reitera diversos pontos relacionados à acessibilidade e acessibilidade digital, que vão desde penalizar quem desrespeitar pessoas com deficiência, até a obrigatoriedade da presença de intérprete de Libras em shows e concertos musicais. Ela ainda prevê punição e multas para os sites que não estão acessíveis para as pessoas com deficiência, incluindo acessibilidade em Libras, vídeos com legendas, transcrição de áudios etc. Nos últimos anos, as denúncias e aplicações de multa estão em uma crescente e já fizeram com que muitas organizações adotassem práticas mais inclusivas tanto interna como externamente.
Desde 2002 a Libras é uma língua reconhecida por lei no Brasil, mas foi apenas em 2010 que a LEI Nº 12.319 passou a regulamentar a profissão do Tradutor e Intérprete de Libras.
Intérpretes de Libras são extremamente importantes para a comunidade surda, pois são a ponte entre as pessoas surdas sinalizantes e o mundo ouvinte, já que realizam a tradução de vídeos, palestras, eventos, campanhas eleitorais, aulas em escolas e universidades, e até mesmo conversas cotidianas entre as pessoas surdas e ouvintes. Sem esses profissionais, a comunidade surda teria ainda mais dificuldade de acesso à informação, pois ela é transmitida em uma língua que não é familiar para estas pessoas.
Além destas, ainda existem leis como a Lei do SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor), que também contemplam as pessoas com deficiência na exigência de soluções acessíveis para melhor atendê-las.
As pessoas surdas ou com deficiência auditiva que se comunicam através da Língua de Sinais, são conhecidas como “sinalizantes”. Muitas delas possuem grande dificuldade com as línguas escritas e, por isso, a comunicação em Libras proporciona liberdade e autonomia no seu dia a dia.
Com acessibilidade em Libras elas conseguem receber na sua língua materna todas as informações que estão sendo transmitidas em Português. Isso é fundamental para garantir sua inclusão na sociedade, nas escolas e universidades, no mercado de trabalho, na sua lista de clientes, etc.
Sem acessibilidade para surdos sinalizantes, essas pessoas não conseguem realizar com autonomia funções importantes do cotidiano, como: participar de reuniões de trabalho, realizar compras pela internet, acompanhar notícias importantes e até mesmo estudar.
Como já comentamos antes, na comunidade surda também existe uma grande diversidade, ou seja, as pessoas surdas e com deficiência auditiva não são todas iguais e nem sempre se comunicam da mesma forma, ou na mesma língua. Por exemplo, além das pessoas surdas sinalizantes, também existem as oralizadas. Essas são pessoas que são alfabetizadas no Português e que sabem fazer leitura labial e preferem oralizar (falar).
Por isso, é importante levar isto em consideração ao pensar em recursos de acessibilidade para elas. Confira alguns dos principais:
As legendas nos vídeos é um recurso que auxilia todas as pessoas e não apenas as pessoas com deficiência. Mas no caso das pessoas surdas oralizadas, por exemplo, as legendas são fundamentais para que consigam receber as informações que estão sendo transmitidas por áudio.
Intérprete de Libras é uma solução fundamental para garantir a acessibilidade das pessoas surdas e com deficiência auditiva, principalmente das sinalizantes. Estes são profissionais habilitados para fazer a tradução das mensagens que estão sendo transmitidas por voz, para a Língua Brasileira de Sinais. Devem estar presentes em vídeos de qualquer tipo, campanhas eleitorais, filmes, eventos, palestras, shows musicais, etc.
O plugin de acessibilidade em Libras para websites, como o da Hand Talk, é uma ferramenta que também garante a acessibilidade para as pessoas surdas e com deficiência auditiva. Com a ajuda de simpáticos tradutores virtuais, ele realiza a tradução dos conteúdos em Português disponíveis na página, para a Língua Brasileira de Sinais. Isso auxilia todas as pessoas que se comunicam nesta língua a compreenderem as informações transmitidas em textos.
O Hand Talk App é uma solução em acessibilidade que, também com a ajuda dos simpáticos tradutores virtuais Hugo e Maya, realiza a tradução de textos e áudios do Português para a Libras e do Inglês para ASL (Língua de Sinais Americana). Além disso, ainda funciona como um dicionário de bolso e possui vídeos educativos para quem deseja começar a aprender a língua. Por que a legenda não é suficiente para surdos?
As pessoas surdas ou com deficiência auditiva que se comunicam com as Línguas de Sinais, muitas vezes não são fluentes nas línguas escritas e então, as legendas não contemplam a acessibilidade necessária para elas, o correto é contar com intérprete de Libras para traduzir os vídeos.
Há pessoas que nasceram surdas e outras que perderam a audição (ou parte dela) em um certo momento da vida. Quando isso ocorre, normalmente, elas são fluentes no Português e podem, posteriormente, aprender Libras. Nestes casos, as legendas dos vídeos são um ótimo recurso. Mas para quem nasceu surdo ou perdeu a audição antes de ser alfabetizado em português, ler um texto como este que você está lendo pode se tornar um grande desafio.
É que o aprendizado de um idioma tem muito a ver com a fonética. Não é à toa que primeiro aprendemos a falar, para depois ler e escrever. Associamos letras e sílabas com seus sons. Por isso, aprender a ler em qualquer língua é desafiador para quem nunca escutou os sons das palavras.
A língua materna de muitos surdos brasileiros não é, portanto, o Português, e sim a Língua Brasileira de Sinais. Este conjunto de sinais tem sua própria gramática e é, desde 2002, considerado como uma língua no país. Dessa forma, existem os surdos que se comunicam por Libras, aqueles que utilizam a língua portuguesa e os bilíngues, que compreendem os dois idiomas.
A gente pode nem perceber, mas os vídeos já são parte integrante do nosso dia a dia. Assistimos a vídeos no smartphone, na TV, no computador, no cinema… É difícil passar pelo menos um dia sem ter consumido um conteúdo neste formato, nem que sejam os Stories do Instagram.
E por que não aproveitar o poder dos vídeos online para torná-los acessíveis às pessoas surdas? Se a luta pela acessibilidade no cinema e nas emissoras de TV é mais difícil, podemos começar por nós mesmos, já que todos podemos ser criadores de conteúdo no mundo virtual.
O vídeo é uma ferramenta ainda mais eficiente para se comunicar com as pessoas surdas do que textos, já que pode combinar as legendas, a tradução em Libras e o contexto das próprias imagens, que também permitem a leitura labial. Sem contar que as pessoas surdas são muito visuais.
Dentre os vários youtubers surdos, destacamos o canal dos irmãos Andrei e Tainá Borges. Com mais de 213 mil seguidores, o Visurdo reúne vídeos de humor e conteúdos que esclarecem dúvidas e mostram curiosidades sobre o dia a dia dos surdos. Todos os vídeos são gravados em Libras com legendas em português.
O Canal Acessível foi criado em parceria entre a IQ Agenciamento e a ETC Filmes para publicar vídeos de grandes influenciadores digitais em um formato acessível, com tradução em Libras, legendas e audiodescrição. Há conteúdos de influencers como Cauê Moura, Caio Novaes (Ana Maria Brogui), Marimoon e Maurício Cid (Não Salvo).
O Projeto Surdos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), oferece cursos na área de biociências para alunos surdos e ouvintes do Ensino Médio. O projeto também está desenvolvendo o Glossário Científico em Libras. São vídeos com a tradução e a explicação em Libras (com legendas) de termos científicos.
Não poderíamos deixar de indicar um canal de vídeos que ensinasse Libras para surdos e ouvintes. A Universidade de São Paulo (USP) disponibiliza um curso livre online e gratuito em seu portal e-Aulas sobre a Língua Brasileira de Sinais. As aulas são publicadas em duas versões: uma em português e uma em Libras com legendas em português.
Podemos responder essa questão com uma simples palavra: cidadania. É o nosso dever promover a inclusão, e não a discriminação de qualquer grupo em nossa sociedade. Mas também podemos recorrer à legislação. Mesmo ainda não tendo nenhuma lei específica para a acessibilidade em conteúdos audiovisuais de forma geral, há outras que reforçam a importância dessa questão.
O Decreto Nº 5.296/04 inclui os sistemas e meios de comunicação e informação entre os espaços e serviços que precisam promover a acessibilidade. A Lei Nº 13.146 determina que sites mantidos por órgãos de governo e empresas com sede ou representação comercial no país devem garantir o acesso à pessoa com deficiência – e isso inclui todo o conteúdo, seja textos ou vídeos.
Até mesmo a ANCINE (Agência Nacional do Cinema) publicou duas instruções normativas exigindo que as produções audiovisuais realizadas com recursos públicos geridos pela ANCINE tenham recursos de acessibilidade e que, até setembro de 2019, 100% das salas comerciais de cinema no país forneçam esses recursos também.
Se as leis e normas já estão se adaptando para a inclusão, por que não fazer o mesmo? Imagine só o tamanho da repercussão positiva se você ou sua empresa criasse um canal ou plataforma de vídeos totalmente acessível. Você estaria incluindo milhões de brasileiros entre o público do seu conteúdo. Vai ficar de fora dessa?
Para que seu vídeo seja acessível para surdos, dois elementos são fundamentais: as legendas e a tradução em Libras.
Com certeza você já sabe como funcionam as legendas. A tradução em Libras também está cada vez mais comum de encontrar. Especialmente em campanhas publicitárias governamentais ou discursos de autoridades políticas na televisão. É aquela janelinha que fica no canto da tela com uma pessoa fazendo a tradução.
Ambos podem ser feitos por meio da edição. Algumas plataformas de vídeo também realizam a tradução automática a partir do áudio, como o YouTube, mas esta opção fica bastante sujeita a falhas. Mesmo durante transmissões ao vivo online, também é possível inserir esses recursos. Para isso, você precisará utilizar um encoder. É um software que conecta os sinais da câmera e do microfone ao servidor da plataforma de transmissão ao vivo para realizar a live. Você pode controlar o que está sendo exibido na tela da transmissão diretamente deste software, alternando câmeras, exibindo slides e, inclusive, inserindo legendas e uma janelinha para a tradução em Libras.
Para que estes recursos sejam realizados da melhor forma possível, a professora da Universidade Federal do Ceará (UFC) Soraya Ferreira elaborou junto com uma equipe um guia completo de acessibilidade em produções audiovisuais. No guia, você encontra todos os parâmetros recomendados para trabalhar não somente com tradução em Libras e legendas para surdos, como também com audiodescrição, para deficientes visuais.
Como sociedade, precisamos pensar cada vez mais em tornar os espaços que fazemos parte mais acessíveis para todas as pessoas. Isso vai desde o nosso grupo de amigos, até o nosso negócio ou trabalho. Acessibilidade é inclusão!
Você pode começar ainda hoje a compilar as dicas que passamos neste post e colocá-las em prática para contribuir para um mundo mais justo e inclusivo! Além disso, se quer saber mais sobre o Hand Talk Plugin e tornar o seu site acessível para as pessoas surdas, é só clicar no banner abaixo.
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